Escriba de Broalhos cronicando cenas no belogue sobre cultura audiovisual e artística

Idealismo e Realismo

A possibilidade do conhecimento prende-se com os limites do cognoscível. Isto liga-se à noção da percepção, o processo activo pelo qual se interpreta sensações dos sentidos, implicando-se uma actividade cognitiva para além da mera recepção de estímulos, mas até a uma apreensão subjectiva destes, conferindo-lhes significado. Das percepções, surgem depois os conhecimentos. Mas em que medida é que estes são fiéis à imagem real que receberam?

Desde os primeiros filósofos que se questiona a natureza do conhecimento quanto à sua aproximação à realidade. Numa atitude céptica, achou-se que as ilusões a que estava sujeito quem tentasse entender a realidade bastava para que qualquer tentativa de entendê-la era fútil. Este cepticismo epistemológico estabeleceu as figuras do sujeito cognoscente e dos objectos cognoscíveis. Este cepticismo é uma teoria presa à (inexistência de) segurança na percepção da realidade, preocupando-se com o entendimento desta o mais aproximado possível – é, portanto, uma teoria realista.

Contudo, o Realismo de Senso Comum, ou Ingénuo, é contra o cepticismo, aceitando a realidade como é percepcionada pelos sentidos, directa e não mediatizadamente. Os objectos físicos são como parecem ser, pois os órgãos sensoriais são em geral fidedignos, apreciando o mundo realisticamente, e qualidades como sabor, cor ou som pertencem ao próprio objecto.

O cepticismo é contra este testemunho dos sentidos, que acha ilusório, distado da realidade.

Outra resposta à possibilidade do conhecimento é o Idealismo. Este defende que o que se conhece é uma experiência, mas encerrada na mente, e dependente da sua interpretação – sustenta que os dados sensíveis são elemento básico da experiência humana e essa experiência é de representações mentais, e não do próprio mundo, que não existirá verdadeiramente. Para o idealista, os limites do conhecimento são o próprio conhecimento.

O idealismo pode conduzir ao solipsismo, pelo qual tudo quanto existe é uma fabricação da mente. Esta posição é desconcertante na medida em que por natureza o Homem se projecta para fora de si, presumindo a existência do exterior. E sentimentos como vergonha ou embaraço não fariam sentido numa concepção solipsista, pois uma única mente não iria julgar-se a si própria negativamente para despontar essas emoções.

Os cépticos dizem abertamente que não podemos conhecer nada, os realistas ingénuos que podemos conhecer quanto somente experimentarmos, e os idealistas que somente o que está na nossa mente.

No fundo, a posição céptica parece simplista, mas não deixa de parecer ter alguma validade. Todavia, simplesmente, o céptico, sendo-o, sabe demais – sabe que o cepticismo é a única verdade, quando não devia saber de nada. Também, podendo nos enganarmos constantemente não implica necessariamente não sermos capazes de reconhecer a verdade, como podemos sempre mentir e ser capazes de dizer a verdade.

Uma resposta

  1. Bota mas não pare por aqui

    17 de Junho de 2016 às 09:00

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