Escriba de Broalhos cronicando cenas no belogue sobre cultura audiovisual e artística

Senso Comum e Conhecimento Científico

Bachelard aborda o Conhecimento como composto de dois estatutos distintos: o Senso Comum e o Conhecimento Científico.

O Senso Comum é uma especialização da inteligência no particular e concreto. É uma abordagem individual, empírica, sobre o “real empírico”, natural ou social, sem qualquer método ou sistema recorrente. A sua linguagem é natural, corrente, vulgar, e, no fundo, serve para uma melhor adaptação à vida quotidiana, integrando o sujeito pessoal e socialmente. O Senso Comum reúne o Empirismo com o Realismo e com o Dogmatismo ingénuos, sendo, afinal, um obstáculo epistemológico por não procurar verdadeiro conhecimento universal, antes conhecimento localizado.

O Conhecimento Científico já implica um sujeito depurado, epistémico, pluralizado – unido num pensamento colectivo, o Cogitamus (“pensamos”), como lhe chama Bachelard, por oposição ao Cogito individual de Descartes. O Científico reflecte sobre o “real construído”, o quadro explicativo aproximado, à realidade, de leis e hipóteses e teorias e conceitos. O Conhecimento Científico serve-se de uma “neolinguagem”, construção conceptual, técnica, com o propósito de compreender o real, explicá-lo e transformá-lo – um real físico/cósmico, humano/social e ideal/abstracto. O Científico liga-se às correntes do Racionalismo, Empirismo e Criticismo – um Racionalismo Aplicado, ou “Filosofia do Não”, como lhe chama Bachelard. Aspira a uma universalidade de resultados, objectividade crescente, com método e rigor, para atingir leis e teorias, utilizando linguagem técnica. É, na essência, uma construção racional, análise objectiva de fenómenos, uma aproximação à verdade.

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