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Platão – Teoria das Ideias, da Participação e da Reminiscência

A concepção platónica da Dialéctica é uma de dualidade: a realidade está partida entre duas dimensões, a Inteligível e a Sensível. Esta é a sua Teoria das Ideias, é o eixo central da sua filosofia, desenvolvida ao longo de toda a sua obra.

A principal explicação disto é a Alegoria da Caverna (inserida n’ “A República“), em que o mundo sensível é comparado a uma caverna, onde apenas se vêem sombras e reflexos da realidade no exterior.

As pessoas são prisioneiros encarcerados na ignorância com que nascem, vendo apenas as sombras que se reflectem para o interior da sua prisão. A saída é árdua, mas depois da ascese, a ascensão dialéctica, é possível alcançar o mundo exterior inteligível. Mas quem o alcança tem o dever máximo de voltar á escuridão para resgatar os irmãos que não conseguem vir sozinhos à luz.

O Mundo Inteligível liga-se ao conhecimento verdadeiro, é a realidade pura, o bem, a Episteme (Ciência) – conhecimento racional, acessível somente através da Dialéctica, digno, verdadeiro e universal. O Mundo Sensível liga-se a um conhecimento perecível, a Doxa (Opinião) – um conhecimento falso, subjectivo, relativista, enganador, o mesmo que os sofistas promovem.

Nesta concepção, existem 4 níveis de saber, de conhecimento, da dimensão Gnoseológica (CONHECER) e Ontológica (SER) – dois de cada mundo:

Noesis – a Intuição ou Comtemplação, são as Ideias primárias de que tudo advém, devidamente hierarquizadas, a Verdade, Beleza e Justiça.

Dianoia – a Dedução ou Demonstração, os objectos matemáticos, os números e figuras lógicos

Pistis – a Crença ou Fé, os objectos materiais, seres vivos e inanimados, cópias sensíveis de Ideias

Eikasia – a Ilusão, as sombras, ecos e reflexos, cópias das cópias sensíveis

O objectivo último da Dialéctica é sempre chegar níveis acima até à Noesis, a Razão Universal. A Dialéctica faz ver as essências das coisas, as suas Ideias Inteligíveis de que provêm, a autêntica ciência, expressão da verdade única. A Dialéctica é para Platão um método científico e filosófico. Para Platão, é através da Dialéctica que se alcança proximidade com as Ideias.

A primeira Ideia, de que tudo parte, irradia, é a Ideia do Bem, que se compõe da Ideia de Beleza, de Justiça e de Verdade.

Platão é o primeiro filósofo a apresentar assim uma visão sistemática de construções mentais: a sua Teoria das Ideias, que são, no sentido platónico:

Objectos do Mundo Inteligível – estatuto metafísico/ontológico (ontos=ser, estudo do ser/da substância);

Representações mentais – estatuto lógico;

Objectos de conhecimento verdadeiro/racional – estatuto filosófico;

Referências do Mundo Físico/Sensível – estatuto cosmológico;

Valores e referências da acção humana – estatuto axiológico (o Homem fica embebido aos valores que conhece, na concepção de Platão, vivendo a Beleza se a  conhecer, praticando a Justiça se a conhecer…)

A Teoria da Reminiscência diz que a alma, deixando o Mundo Inteligível para um corpo Sensível, perde lembrança do conhecimento que possuía – aprender não passa de relembrar o que já se sabia.

A Teoria da Participação diz que tudo no Mundo Sensível participa de uma Ideia radical de onde parte. Tudo incluído no Mundo Sensível é uma sombra, um eco, um reflexo da sua respectiva Ideia Inteligível.

Platão ataca os modos sofistas relativistas, por estes serem falsificadores da verdade filosófica, através da ilusão, da aparência, da sua técnica demagógica. A Verdade Socrático-Platónica era universal, necessária, conhecedora das Ideias fundamentais imutáveis; a Verdade Sofística era fabricável, relativista, oportuna, aparente.

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